segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Mudo eu mudo meu mundo.

Esse gélido jeito de agir é só uma tentativa de mudar. Mudar o mundo? Não o mundo. Sou egoísta. Por enquanto só meu mundo, e o meu jeito de sorrir. Antes de tudo eu vou logo avisando, mudo porque não quero me tornar um poste, sim, aquele que apaga a luz ao dia e as ascende à noite, incansavelmente, permanentemente, mas somente enquanto houver energia. Exatamente como os humanos. Não sacou? É simples, o animal precisa de comida para crescer fisicamente, nós também. Os religiosos precisam da religião para crescer espiritualmente, cada qual com suas crenças. E emocionalmente? Para isso nós recorremos aos sentimentos. Quais? Pouco importa. Sentir é crescer emocionalmente. Ódio, amor, inveja, saudades... Todos contribuem um pouco (tendo consciência de que excessos nunca são saudáveis). Viver é sentir. E qual é a energia desse poste? Os sonhos, talvez? Ora, não são eles que nos motivam a viver? Viver, sentir, sonhar, viver, e vai? Sonhamos com o amor dos filmes, sonhamos com a paz dos livros, sonhamos com a cor das fotos, o cheiro das rosas, e com aquele sorriso.

Mas sonhos costumam cair em vãos, e a decepção que se sucede pode ser definida por quaisquer sentimentos que se encaixem. Perde o amor? E que haja a raiva, o ódio e a dor. E se ganha o amar? Que se tenha euforia, e o sorriso ao beijar. Confortante né? Sentir, viver, sonhar. Tão simples essa receita não? Mas é com o tempo que vem o meu medo. Sonhos não se repetem. Sonhos não são saciados. Hoje eu quero seu beijo, amanhã eu quero um abraço, e depois aquele sapato, pra depois eu ter o abraço, do calor do meu casaco que já tem de ser trocado.

Ora, e a história do poste. Mudar? Eu? Não entende ainda não é? Sintetizarei: Com o tempo as pessoas notam que certas tendências de sonhos os fazem mais felizes, uns decidem dinheiro, outros o amor. E alimentam seus desejos, cada qual com seu sabor. Não é como as crianças, eu me refiro a criança ainda livre das influências dessa sociedade. Elas se objetivam no agora e nas suas felicidades. Seus sonhos são os do momento, com o que se tem no agora, mesmo que não se tenha nada. E quando nós começamos a seguir tendências de sonhos, nos viciamos em certos sonhos, nós nos viciamos em certas emoções. Excessos não são saudáveis. Com o tempo, igual a uma droga, nosso organismo vai precisando de mais doses de sonhos para que se obtenha emoções, para que se sinta vivo. E o mundo não facilita pros sonhadores. Com o tempo achamos que ter sonhos não nos gera mais sentir, logo sonhar se confunde com morrer. Esquecer-se de viver. Matematicamente, perdemos o sentir, o chorar e o sorrir. Eu não quero ser um poste. Eu não quero depender de uma energia. Eu quero ser uma criança, sonhar com o agora, sonhar, afinal é da criança que nos lembramos quando pensamos em felicidade, é nela, na nossa infância, que lembramos quando olhamos para trás. E se pararmos pra pensar, o sorriso de hoje sempre foi pior que o de ontem, né? Isso porque não dá. Nosso físico não suporta, uns só querem dinheiro, outros amor e assim se leva. Na mesmice da rotina, preso ao sonho que não presta. Então que tal mudar? É por isso que eu mudo, mudo , mudo meu mundo. Pois se eu mudo, mudo sonhos, mundo tudo. Os meus sonhos serão sempre ousados, os sentimentos puros e o sorriso, as lágrimas e afins, serão inéditas, fantásticas como os da sua velha infância, enfim.