quarta-feira, 16 de abril de 2008

Tudo é nada - Parede III

Acordo suado, cansado.
Ser cansa.

Essa exaustão é o que me faz sorrir ao acordar,
antes de cair em consciência da cruel realidade.
Sorriso sim, porque o vazio que tanto me preenche
me proporciona infinitas posibilidades.

Possibilidades de ser,
mas não simplesmente ser.
Ser qualquer coisa que se queira,
e ainda assim simplesmente ser.

É como um teatro para as paredes.
Eu sou ator de diversos papéis,
no entanto, não há mais ninguém além dela que realmente saiba o que sou:
Simplesmente eu.

Estou, agora, além de limpo, descansado.
E nessas condições, tudo que for posto a minha frente será absorvido até a ultima gota de sinceridade.

Posso tudo por não ter nada.
Ora se tivesse, não haveria espaço.

E o nada é fundamental.
Pois tendo-se pouco, ainda assim pode-se muito.
Mas tendo-se nada. O infinito não é finito.

Tudo é, e não é, ao mesmo tempo, o limite.

Enquanto não cair por terra na realidade,
não há limites:
Somente a parede.