Acordo suado, cansado.
Ser cansa.
Essa exaustão é o que me faz sorrir ao acordar,
antes de cair em consciência da cruel realidade.
Sorriso sim, porque o vazio que tanto me preenche
me proporciona infinitas posibilidades.
Possibilidades de ser,
mas não simplesmente ser.
Ser qualquer coisa que se queira,
e ainda assim simplesmente ser.
É como um teatro para as paredes.
Eu sou ator de diversos papéis,
no entanto, não há mais ninguém além dela que realmente saiba o que sou:
Simplesmente eu.
Estou, agora, além de limpo, descansado.
E nessas condições, tudo que for posto a minha frente será absorvido até a ultima gota de sinceridade.
Posso tudo por não ter nada.
Ora se tivesse, não haveria espaço.
E o nada é fundamental.
Pois tendo-se pouco, ainda assim pode-se muito.
Mas tendo-se nada. O infinito não é finito.
Tudo é, e não é, ao mesmo tempo, o limite.
Enquanto não cair por terra na realidade,
não há limites:
Somente a parede.